Friday 18 June 2010

Sumário dos meus primeiros dias de bicicleta eléctrica por lx



Até agora é um espectáculo! Dá para andar sem ficar a suar nem cansar muito. Até acho que cansa menos do que andar a pé…


cm


Lição #1: os sapatos de sola lisa não são nada bons… os pés escorregam dos pedais…
Lição #2: os enlatados não esperam que uma bicicleta se desloque tão depressa nas subidas e então metem-se sempre à frente
Lição #3: andar de bicicleta em lx é divertido
Lição #4: uma pequena sessão de exercício e adrenalina ajudam a que se chegue ao escritório com bem mais pica

Tempos, alguns exemplos:
Estrela -> Braancamp: 4 minutos
Braancamp -> Marquês da fronteira (perto do corte inglês): 5 minutos
Camões -> Estrela: 5 minutos

Se não fossem os semáforos e o trânsito então reduzia os tempos a metade!
Tudo sem suor! Acredito que a assistência eléctrica de 350W (metade da potencia de uma varinha mágica típica) é o suficiente para tornar Lisboa facilmente ciclável. Só falta - claro - a infraestrutura e o civismo dos enlatados…

Já agora... ficam os teasers:



ora aqui está um caso em que olhar para o nosso umbigo...

... é positivo!

(clicar na imagem para ver maior)

Thursday 17 June 2010

ser consultor - por Ana Simões

Num curto espaço de tempo temos que aprender muito sobre um sector, ler páginas e páginas e páginas e páginas, seleccionar entre o que é importante e acessório, ouvir pessoas que gostam de se ouvir, ouvir pessoas que não querem falar, ler mais, ouvir mais, explicar sustentabilidadezisses a quem quer saber e a quem não quer, aprender sustentabilidadezisses por gosto, andar atrás do cliente, andar a fugir do cliente, andar ao lado do cliente, ler mais, explicar indicadores, ajudar a avaliar indicadores, calcular, elaborar estratégias, definir objectivos, puxar pelo cliente, escrever mesmo quando à partida parece que não há muito para dizer, escrever havendo muito para dizer mas pouco tempo, cozinhar tudo o que se leu e tudo o que se ouviu em algo consistente, não dizer mais do que o necessário, dizer tudo o que é necessário, dormir menos, comer mais, beber mais café, sentir os nervos à flor da pele, respirar um bocadinho, parar para respirar um pouco mais, ter vontade de ir correr e suar a raiva, voltar a acreditar no projecto, dizer que vale a pena, continuar a ouvir, pensar, calcular, escrever...

:-)

Friday 11 June 2010

... zzz...

Epiphany (feeling)

From Wikipedia, the free encyclopedia

An epiphany (from the ancient Greek ἐπιφάνεια, epiphaneia, "manifestation, striking appearance") is the sudden realization or comprehension of the (larger) essence or meaning of something. The term is used in either a philosophical or literal sense to signify that the claimant has "found the last piece of the puzzle and now sees the whole picture," or has new information or experience, often insignificant by itself, that illuminates a deeper or numinous foundational frame of reference.

Monday 7 June 2010

Sair, aprender e ter iniciativa

Manuel Caldeira Cabral - Docente do Departamento de Economia na Universidade do Minho

Os universitários portugueses estão cada vez mais diferentes dos europeus. A maioria vive em casa dos pais, não trabalha durante o curso e vai de carro para a universidade. Nada disto os estimula a serem empreendedores ou a amadurecerem para a realidade  profissional mais dura que terão de enfrentar.

Nos últimos 20 anos o sistema universitário português convergiu com o dos restantes países europeus em muitos aspectos. Hoje os alunos entram para universidades com uma elevada proporção de docentes doutorados no estrangeiro, que em muitos casos ensinam as mesmas matérias que leccionaram em Inglaterra ou nos Estados Unidos da América. A Internet dá-lhes acesso aos mesmos conteúdos que os seus colegas europeus, uma realidade distante da vivida no passado em que dependiam de bibliotecas mal apetrechadas. E o programa Erasmus trouxe também excelentes oportunidades.

O outro lado da moeda surge quando se olha para estatísticas onde se lê que Portugal é o segundo país da União Europeia com maior percentagem de estudantes universitários a viver em casa dos pais e a estudar na mesma cidade onde cresceram, sendo simultaneamente um dos três países da EU onde menor percentagem dos universitários trabalha durante o curso. Na Suécia, um dos países mais ricos da Europa, cerca de 60% dos alunos trabalham durante o curso. Em Portugal são menos de 15%.

Nestes aspectos a experiência vivida nas universidades portuguesas é muito diferente da europeia, e tornou-se ainda mais diferente nos últimos 10 anos. A expansão das vagas permitiu aos estudantes um maior leque de hipóteses. A maioria dos alunos escolheu ficar na universidade ou politécnico mais próximo de casa. O resultado foi a criação de universidades mais regionais, onde a maioria dos alunos têm mais de 80% de colegas da mesma região. A isto acresce que, em média, apenas têm 0,7% de colegas oriundos de outros países comunitários.

A decisão de ficar em casa dos pais em muitos casos é determinada por factores económicos. No entanto, o parque automóvel de metade dos estudantes e sua expansão nos últimos anos demonstra bem que em muitos outros casos não o é. Os estudantes portugueses são os únicos europeus para quem o carro é o meio de transporte mais usado para chegar à universidade.

Porque é que isto é importante? Quais são as implicações destas diferenças?

Para a maioria dos jovens europeus a experiência universitária passa por conquistar um espaço de autonomia individual, com mais liberdade mas também maior responsabilidade. Os estudantes ingleses ou holandeses aprendem a cuidar de si e a serem independentes. Têm de trabalhar para poder fazer viagens ou comprar uma guitarra. Têm de gerir a sua própria vida e o seu orçamento. Quando saem do curso muitos têm experiência de trabalhar e de valorizar o dinheiro ganho com esforço.

A maioria dos seus colegas portugueses tem o carro que os pais lhes oferecem, se oferecerem, e faz as férias que os pais lhes pagam. O que conseguem ter ou fazer não depende em nada da sua iniciativa ou do seu esforço. Esta é uma lição de "desempreendorismo" que vão aprender durante três, quatro ou cinco anos de universidade.

Por outro lado, acabam o curso já com o vício de ter carro e o hábito de viver numa casa com as condições que os seus pais apenas conquistaram aos 50 anos. Depois entram num mercado de trabalho onde dificilmente conseguirão um rendimento que permita tais "luxos". Situação que, aliada ao facto de maioritariamente estudarem na cidade onde cresceram, limita fortemente a sua mobilidade geográfica. Já a maioria dos estudantes europeus sai de casa aos 17 anos, mudando de cidade. E depois, muitas vezes, aos 21 começa a trabalhar numa cidade diferente. Esta mobilidade permite um melhor encontro entre as qualificações dos licenciados e o que o mercado procura, ajudando a diminuir o desemprego e a aumentar a produtividade.

Em Portugal acaba por se criar um ambiente que faz com que a experiência universitária para muitos alunos seja um prolongar dos anos de liceu. Mantêm os mesmos amigos, continuam em casa da família, gastam muitas horas a ver televisão e não criam novos hábitos culturais. Este facto é, aliás, muito comentado pelos alunos que regressam do programa Erasmus. A participação neste programa europeu é, sem dúvida, um dos aspectos mais positivos dos últimos anos. A percentagem de alunos portugueses a estudar noutros países europeus aumentou entre 1998 e 2005 e manteve-se ligeiramente acima da média europeia. Ainda assim só entre 5 a 10% dos alunos beneficiam desta experiência.

O exemplo do programa Erasmus ou dos programas de mobilidade internacional para recém-licenciados servem para mostrar que há oportunidades muito interessantes. E existem tanto no estrangeiro como em Portugal. Quem ensina vê muitos alunos a aproveitá-las ou mesmo a criá-las, envolvendo-se com Organizações Não Governamentais, participando em grupos de teatro, orquestras, tunas, coros e muitas outras actividades em que vão aprender tanto ou mais que nas cadeiras do curso. Vê que os alunos que saem do seu conforto e têm iniciativa aprendem muito com esta experiência. Mas vê também que ainda são uma minoria.

São os alunos que têm de decidir se querem aproveitar estas oportunidades. Mas cabe aos pais e aos professores incentivá-los a quererem ser diferentes, a estarem abertos a novas experiências e a interessarem-se por aprender.
(…)

"ai que o tempo anda tão estranho..."

Só se ouve malta a reclamar que o tempo anda estranho... Desculpem-me o lugar comum, mas o tempo estranho é só a ponta do iceberg.

Para quem "não tem tempo" para ler o relatório que o Sir Nicholas Stern preparou para o governo britânico (nem o resumo de 27 páginas) aqui vão alguns pontos chave:

Temperature:

- Carbon emissions have already pushed up global temperatures by half a degree Celsius
- If no action is taken on emissions, there is more than a 75% chance of global temperatures rising between two and three degrees Celsius over the next 50 years
- There is a 50% chance that average global temperatures could rise by five degrees Celsius

Environmental Impact:
- Melting glaciers will increase flood risk
- There will be more examples of extreme weather patterns
- Crop yields will decline, particularly in Africa
- Rising sea levels could leave 200 million people permanently displaced
- Up to 40% of species could face extinction


Economic Impact:

- Extreme weather could reduce global gross domestic product (GDP) by up to 1%
- A two to three degrees Celsius rise in temperatures could reduce global economic output by 3%
- If temperatures rise by five degrees Celsius, up to 10% of global output could be lost. The
poorest countries would lose more than 10% of their output
- In the worst case scenario global consumption per head would fall 20%
- To stabilize at manageable levels, emissions would need to stabilize in the next 20 years and fall between 1% and 3% after that. This would cost 1% of GDP

Options for change:

- Reduce consumer demand for heavily polluting goods and services
- Make global energy supply more efficient
- Act on non-energy emissions - preventing further deforestation would go a long way towards alleviating this source of carbon emissions
- Promote cleaner energy and transport technology, with non-fossil fuels accounting for 60% of energy output by 2050

Friday 28 May 2010

Sensacionalismo? Sim, mas é possível!


Combata as alterações climáticas, melhore a economia do país e torne-se mais culto e saudável! 

Sensacionalismo? Sim, mas é possível!  

Os tempos não são fáceis. A uma economia em declínio junta-se a grande questão do aquecimento global e da epidemia da obesidade. Ninguém sabe muito bem como vão ser as próximas décadas, mas uma coisa é certa: grandes desafios se prevêem a vários níveis. De repente a crise financeira e as alterações climáticas misturaram-se com o futebol e as novelas nas conversas de café. Até pode ser que do debate venha a emergir um público mais bem informado e mais consciente dos seus actos, mas ate agora não vejo nada. Vejo sim a típica conversa de culpar o governo, culpar os grandes, enfim: culpar os outros! Sempre “eles”! Ninguém olha para o seu umbigo para analisar as suas acções e tomar medidas.

Vejamos um simples exemplo: a utilização do automóvel particular. Já ninguém passa sem um automóvel. Entendo e não tenho nada contra. O mesmo não posso dizer quanto à utilização que muitas pessoas dão ao automóvel, usado-o por tudo e por nada, muitas vezes para distâncias curtas ou em percursos tão congestionados que corroem a paciência a um santo.

Analisando o nosso país encontramos o automóvel associado a três problemas: sedentarismo, poluição e declínio económico.

Ao utilizar extensivamente o automóvel as pessoas deixam de andar a pé, deixam de andar de bicicleta, e isso tem inegáveis efeitos para a saúde. Obesidade, doenças cardio-vasculares, depressões, etc. Tudo condições associadas ao sedentarismo promovido com a ajuda do automóvel. Além da evidente perda de qualidade de vida, as complicações de saúde traduzem-se em despesa pública deteriorando a economia do país.

Continuando, a utilização do automóvel é responsável por uma fatia das emissões de gases considerados como potenciadores do efeito de estufa. Todas as evidências científicas apontam neste momento para que, se a humanidade não alterar radicalmente os seus hábitos, o aquecimento global atinja proporções não bem definidas, mas seguramente severas. As previsões variam entre alterações significativas no planeta como o conhecemos e o apocalipse.

Por fim temos a questão económica pura e directa. Portugal é um país com uma balança comercial desequilibrada. Ora, uma boa parte das nossas importações são petróleo, como tal, uma utilização mais racional do automóvel iria levar a uma redução da utilização de combustíveis com resultados na carteira dos automobilistas e na saúde das contas do país.

Vistas as indiscutíveis vantagens para a saúde, carteira e até para o planeta da redução da utilização do automóvel, como sistematizar então uma utilização mais racional?
Todos nós amamos os nossos carros, tornam a nossa vida mais fácil, dão-nos indepêndencia e para alguns, até status. 

Como em tudo, o truque prende-se com equilíbrio, com medidas sustentáveis e incrementais. Já provámos – como sociedade – não responder bem a apelos radicais. Quem tem o automóvel entranhado na sua vida não vai de um momento para o outro começar a andar de bicicleta ou a andar exclusivamente de transportes públicos. Pura e simplesmente não funciona! O que eu defendo são pequenos compromissos equilibrados, sustentáveis e compatíveis com o estilo de vida das pessoas.

E se as pessoas que utilizam os automóveis diariamente para se deslocar nas cidades se comprometessem perante elas mesmas, a utilizar os transportes públicos ou uma bicicleta um ou dois dias por semana?

Só esta medida teria impacte no trânsito e reduziria o consumo de combustíveis. O que acontece a seguir? Bom, provavelmente as pessoas ir-se-iam aperceber que os transportes públicos não são tão maus como isso, que até permitem ir a ler um bom livro ou o jornal, ouvir musica, tudo sem stress nem multas de estacionamento! Provavelmente as pessoas ir-se-iam aperceber que as bicicletas são divertidas e permitem chegar ao trabalho com sangue mais oxigenado, logo com o corpo e mente mais activos! Ir-se-iam aperceber que há bicicletas com assistência eléctrica, que acabam com o drama das subidas…

Provavelmente esse compromisso de utilizar os transportes públicos e/ou bicicletas um ou dois dias por semana passaria a ser um prazer e quem sabe até passaria até a ser praticado três dias por semana, ficando o carro reservado para dias especiais que incluam uma passagem prolongada no supermercado ou um jantar mais distante e tardio, por exemplo.  

Pequenas medidas podem sempre ser implementadas mais rápida e facilmente que grandes alterações radicais e no entanto, multiplicadas por muita gente, podem fazer grandes diferenças!

Vamos deixar de culpar ou outros e fazer a nossa parte para tormar Portugal mais sustentável.

Sensacionalista? Sim, mas é possível! 

Sabedoria online

Muito bom! Open Courseware do MIT

Agora já nos podemos todos cultivar sobre assuntos como:


astrodinâmica, termodinâmica, física clássica, mecânica quântica, ...
(as aulas em video de física clássica são um luxo!)


Dá sempre jeito, para a conversa de café!

Há até aulas de uma cadeira que os tugas devem passar de olhos fechados: 

"Dynamic Leadership: Using Improvisation in Business" 

Eheheh! :-)

The management of difference

"A desk is a dangerous place from which to watch the world."
John le Carré

Along with globalization, management is becoming more and more international. As crossborder interdependences grow, managers have to deal more and more with diversity and difference.

Managers are therefore stuck with a dilemma. On one hand they have to become global creatures but in the other they have to understand, respect and take advantage (manage) of local strengths and specializations otherwise globalization won’t create value.

They know that effective leadership is not imposed but acquired when people observe leaders in action. This does not work at distance, does not work by email, leaders have to be physically around regularly. But “breaking free with geography” is not the main challenge, culture is! As the cofounder of Honda, Mr. Takeo Fujisawa put it: “Japanese and American management practices are 95% the same, and differ in all important respects.” This means that managers have to be able to inspire and lead people with very diverse cultures. And they cannot “educate” everyone to behave the same, because globalization brings extra value exactly because different people are complementary better at different things.

Therefore, “people skills” are an asset of growing importance for managers.

Globally Integrating companies must look - more than ever - for managers that love people.

Especially managers in leadership positions - as they have to lead other people into something that is not natural - must love people, love being with people, talking with people, interacting, being curious about differences, sensitive, etc.

“When we sit together as German, Swiss, Americans and Swedes, with many of us living, working, travelling in different places, the insights can be remarkable. But you have to force people into these situations. Mixing nationalities doesn’t just happen.” Percy Barnevik - CEO and President of ABB

Global integration demands out-of-the-box thinking by out-of-the-box people! The challenges are such and so diverse that companies should look for people with diverse and interesting life experiences. Companies must value people that not only have studied and worked all their lives in the same context but people that complement academic credentials with real world experiences. How much value added does a manager brings because he has travelled the world with a backpack? Or because he has been a Firefighter? Or because he spent a full year surfing and fishing in Australia? Or because he has spent a couple of years in Africa?

The world is changing. Companies are changing. Managers have to follow!

I am not advocating that companies should relax the requirements of a good education and a relevant professional background, but in today’s global world, proven ability to encompass the different and successfully deal with the unexpected should be a major plus.

Microfinança na Europa

Nota: Publicado no blog da Gulbenkian - Próximo Futuro a 14 de Maio, 2010

O mundo está a mudar. Sempre esteve mas nunca tão rapidamente como nos últimos anos. À medida que a Índia e China mostram o caminho a países como o Brasil e a Rússia, o centro económico do mundo desloca-se em busca de novo equilíbrio. O crescimento económico nestes países é incrível e que não haja dúvidas – estão a investir em educação.

Escrevo estas linhas em Hyderabad, Índia, onde aulas de preparação para o GMAT são anunciadas em painéis publicitários outdoor ou em vulgares táxis. Passo por livrarias de rua e encontro cópias dos grandes êxitos dos gurus de gestão, marketing e estratégia a preço de saldo.

O mundo está a mudar.

Tudo isto resulta num novo paradigma para a velha Europa em geral e Portugal em particular. Se chamamos a alguns países “emergentes”, será que devemos chamar ao nosso “submergente”?

Assistimos a uma desindustrialização em fast-forward, o desemprego bate recordes e o espectro da agitação social paira por perto. Neste contexto de desemprego e urgência económica e social, o apoio a pequenos empreendedores que procurem desenvolver o seu próprio emprego reveste-se de uma importância acrescida. A experiência de países como a França mostra que custa muito menos apoiar um pequeno empreendedor a desenvolver o seu próprio emprego do que pagar subsídios de desemprego.

Alguns bancos entenderam esta realidade e estão a tentar superar as dificuldades do passado, implementando, com sucesso e rentabilidade, programas de microcrédito. A rentabilidade irá fazer as operações sustentáveis e só assim replicáveis a uma escala que possa ter real impacto na sociedade.

Os resultados serão bons para os bancos e para a sociedade em geral e estudos recentes mostram uma correlação clara e positiva entre o desenvolvimento e maturidade das políticas de responsabilidade social e o desempenho financeiro.

Mas o que é a microfinança e o microcrédito?

Microfinança é a designação usada para descrever a extensão de serviços financeiros a pessoas excluídas do sistema bancário. Os clientes típicos são pessoas desempregadas e/ou de baixo rendimento e start-ups de microempresas, e os serviços mais comuns são crédito (o chamado microcrédito), seguros e poupanças. Mas a microfinança também pode oferecer, por exemplo, oportunidades de investimento.

No que toca ao crédito, os empréstimos são tradicionalmente muito pequenos. “Pequeno”, no entanto tem significados diferentes em diferentes partes do mundo. Na Índia, por exemplo, um pequeno empréstimo ronda os 75€ e pode ir até um máximo de 500€ para clientes antigos com reputação bem firmada. Na União Europeia ou Estados Unidos (sim, o Grameen Bank – Instituição de Microfinança do famoso Muhammad Yunus já tem uma subsidiária em Nova Iorque!) a média é de 5.000€ e pode chegar aos 25.000€.

Na Índia, como no modelo Grameen original, a maioria do crédito é concedido a grupos que partilham entre eles o risco individual (o chamado colateral social). Em Portugal, no entanto, quem se tem aventurado na promoção do microcrédito sempre achou que a nossa postura mais individualista não se adaptaria ao colateral social e como tal a aposta tem recaído invariavelmente sobre os empréstimos individuais – muito mais difíceis e demorados de avaliar.

Com a transferência da indústria para o “oriente” assistimos, no “ocidente”, a um acréscimo da importância dos sectores terciário e quaternário. Isto significa o fim do emprego não especializado para todos trazendo assim um crescimento do desemprego.

A microfinança está atrasada na Europa onde o emprego estava largamente assegurado desde a revolução industrial. No entanto, com a escalada do desemprego e à medida que os bancos se tornam mais restritivos na atribuição de crédito, é de esperar que aumente o número de pessoas em situações de vulnerabilidade e em risco de exclusão, tornando-se assim a microfinança uma ferramenta cada vez mais importante. Aliás, é com particular interesse que vejo já alguns bancos “tradicionais” a olhar para a microfinança. O tempo se encarregará de mostrar quais são os que têm intenções genuínas e quais os que apenas querem usar uma imagem de bom samaritano. Pessoalmente tenho já as minhas suspeitas, mas não digo!