Friday 28 May 2010

Sensacionalismo? Sim, mas é possível!


Combata as alterações climáticas, melhore a economia do país e torne-se mais culto e saudável! 

Sensacionalismo? Sim, mas é possível!  

Os tempos não são fáceis. A uma economia em declínio junta-se a grande questão do aquecimento global e da epidemia da obesidade. Ninguém sabe muito bem como vão ser as próximas décadas, mas uma coisa é certa: grandes desafios se prevêem a vários níveis. De repente a crise financeira e as alterações climáticas misturaram-se com o futebol e as novelas nas conversas de café. Até pode ser que do debate venha a emergir um público mais bem informado e mais consciente dos seus actos, mas ate agora não vejo nada. Vejo sim a típica conversa de culpar o governo, culpar os grandes, enfim: culpar os outros! Sempre “eles”! Ninguém olha para o seu umbigo para analisar as suas acções e tomar medidas.

Vejamos um simples exemplo: a utilização do automóvel particular. Já ninguém passa sem um automóvel. Entendo e não tenho nada contra. O mesmo não posso dizer quanto à utilização que muitas pessoas dão ao automóvel, usado-o por tudo e por nada, muitas vezes para distâncias curtas ou em percursos tão congestionados que corroem a paciência a um santo.

Analisando o nosso país encontramos o automóvel associado a três problemas: sedentarismo, poluição e declínio económico.

Ao utilizar extensivamente o automóvel as pessoas deixam de andar a pé, deixam de andar de bicicleta, e isso tem inegáveis efeitos para a saúde. Obesidade, doenças cardio-vasculares, depressões, etc. Tudo condições associadas ao sedentarismo promovido com a ajuda do automóvel. Além da evidente perda de qualidade de vida, as complicações de saúde traduzem-se em despesa pública deteriorando a economia do país.

Continuando, a utilização do automóvel é responsável por uma fatia das emissões de gases considerados como potenciadores do efeito de estufa. Todas as evidências científicas apontam neste momento para que, se a humanidade não alterar radicalmente os seus hábitos, o aquecimento global atinja proporções não bem definidas, mas seguramente severas. As previsões variam entre alterações significativas no planeta como o conhecemos e o apocalipse.

Por fim temos a questão económica pura e directa. Portugal é um país com uma balança comercial desequilibrada. Ora, uma boa parte das nossas importações são petróleo, como tal, uma utilização mais racional do automóvel iria levar a uma redução da utilização de combustíveis com resultados na carteira dos automobilistas e na saúde das contas do país.

Vistas as indiscutíveis vantagens para a saúde, carteira e até para o planeta da redução da utilização do automóvel, como sistematizar então uma utilização mais racional?
Todos nós amamos os nossos carros, tornam a nossa vida mais fácil, dão-nos indepêndencia e para alguns, até status. 

Como em tudo, o truque prende-se com equilíbrio, com medidas sustentáveis e incrementais. Já provámos – como sociedade – não responder bem a apelos radicais. Quem tem o automóvel entranhado na sua vida não vai de um momento para o outro começar a andar de bicicleta ou a andar exclusivamente de transportes públicos. Pura e simplesmente não funciona! O que eu defendo são pequenos compromissos equilibrados, sustentáveis e compatíveis com o estilo de vida das pessoas.

E se as pessoas que utilizam os automóveis diariamente para se deslocar nas cidades se comprometessem perante elas mesmas, a utilizar os transportes públicos ou uma bicicleta um ou dois dias por semana?

Só esta medida teria impacte no trânsito e reduziria o consumo de combustíveis. O que acontece a seguir? Bom, provavelmente as pessoas ir-se-iam aperceber que os transportes públicos não são tão maus como isso, que até permitem ir a ler um bom livro ou o jornal, ouvir musica, tudo sem stress nem multas de estacionamento! Provavelmente as pessoas ir-se-iam aperceber que as bicicletas são divertidas e permitem chegar ao trabalho com sangue mais oxigenado, logo com o corpo e mente mais activos! Ir-se-iam aperceber que há bicicletas com assistência eléctrica, que acabam com o drama das subidas…

Provavelmente esse compromisso de utilizar os transportes públicos e/ou bicicletas um ou dois dias por semana passaria a ser um prazer e quem sabe até passaria até a ser praticado três dias por semana, ficando o carro reservado para dias especiais que incluam uma passagem prolongada no supermercado ou um jantar mais distante e tardio, por exemplo.  

Pequenas medidas podem sempre ser implementadas mais rápida e facilmente que grandes alterações radicais e no entanto, multiplicadas por muita gente, podem fazer grandes diferenças!

Vamos deixar de culpar ou outros e fazer a nossa parte para tormar Portugal mais sustentável.

Sensacionalista? Sim, mas é possível! 

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